terça-feira, 21 de dezembro de 2010

No táxi – Síndrome do Horácio e inversão de valores

Olá,

Resolvi criar um quadro novo no blog Prosas e Risos.

Vou chamá-lo de: NO TÁXI.


Eu uso muito táxi, pelo menos uma vez por semana. Por conta disso, comecei a reparar que situações e conversas inusitadas acontecem dentro de um táxi ou por conta deste.


Coisas muito legais e interessantes acontecem decorrentes do uso do táxi (vou contar em outras postagens), outras tantas, nem tanto.
Há também algumas situações extremamente desagradáveis que acontecem.

Ontem por exemplo, vivi uma situação surreal dentro de um táxi, quando estava indo para o médico.

Vale ressaltar que não tenho nada contra a profissão ou os profissionais (taxistas).

Eis a história exatamente como aconteceu:

Fui até o conjunto nacional (Avenida Paulista) e peguei um táxi do próprio ponto. Procuro pegar em pontos bem conhecidos, carros do próprio ponto, justamente para evitar problemas ou pelo menos na tentativa de reduzir a probabilidade de problemas.

Entrei no táxi e tive um diálogo bem complicado e pesado (surreal) com o Senhor taxista.

Olha só o diálogo:

Eu: Boa Tarde. Por favor, o senhor pode me levar até a Rua Hermes Fontes?
Taxista: .....(não respondeu nada)
Eu: O senhor conhece esse a Rua?
Taxista: Que rua? (juro por Deus que ele perguntou isso, mas até aí pensei, ah ele não ouviu, normal)
Eu: A Rua Hermes Fontes.
Taxista: Não conheço não. Você não sabe onde fica?
Eu: Eu acho que é na Vila Madalena, não tenho certeza. O senhor pode confirmar?
Taxista: Pega um pacotinho, abre e pega o GPS. E diz: Você sabe usar GPS moça?
Eu: Não, desculpa, mas não sei não. (Importante dizer que eu estava super calma, super educada, até demais)
Taxista: Não? Eu ia pedir para você mesmo procurar a Rua no GPS e bufou... Depois colocou o nome da Rua no GPS e seguiu um caminho lá qualquer.
Eu: Como eu percebi que o cara não sabia usar o GPS, muito calma e educadamente eu perguntei para ele: Deu certo o GPS?
Taxista: Ah, não deu certo não. O GPS não localizou essa Rua. Podem existir várias Ruas com esse nome, em vários bairros, tá difícil, viu moça?
Eu: Muito educadamente e calma, disse: O senhor poderia, por favor, procurar no guia? Como eu disse, pode ser Vila Madalena, mas não tenho certeza.
Taxista: Pegou o guia, olhou, olhou, olhou, guardou o guia e continuou a seguir um caminho qualquer.
Eu: Deu certo o guia? O senhor achou?
Taxista: Não achei não.
Eu: Educadamente, mas de forma firme perguntei: E para onde o senhor está me levando então?
Taxista: Ah, eu não sei não. Se você que vai ao lugar não sabe onde é? Porque eu tenho que saber?
Eu: Meu senhor, eu dei o nome da Rua, pedi para o senhor confirmar no guia. Desculpe-me, mas o profissional do trânsito é o senhor, quem trabalha dirigindo é o senhor. Não espero que o Senhor saiba tudo, mas espero no mínimo, boa vontade e educação.
Taxista: Parou o carro na hora e disse: Desce. Pode descer. Desce.
Eu: Nessa hora eu estava puta de raiva, mas consegui me controlar. Então eu disse: Olha, eu posso até descer, mas se eu descer eu vou anotar sua placa e vou fazer todas as reclamações existentes e possíveis, em todos os órgãos possíveis, reclamando da sua falta de educação e profissionalismo. O Senhor pode parar, perguntar o caminho, eu não vou me incomodar com isso. Tenho todo tempo do mundo, não estou com pressa. (mentira, tinha horário na consulta)
Taxista: Tudo bem.
Eu: Quando eu percebi que o taxista estava, de fato e enfim, de boa vontade, eu liguei para o consultório, confirmei o bairro e solicitei referências. Bom, o cara se perdeu para chegar à MOURATO COELHO (Rua referência).
Quando entramos na Rua Hermes Fontes, muito educada, simpática e descontraída virei para o taxista e disse: Olha aí a Rua, aprendemos mais um lugar.
Taxista: Chegando à porta do consultório, o taxista sem noção, mal educado, grosso e orgulhoso, me disse: É verdade moça, aprendi uma Rua nova. Desculpa o mal jeito. Eu não conhecia a Rua. Um bom Natal e um bom ano novo.
Eu: Para o Senhor também. Muito obrigada.

Então eu desci do táxi, puta da vida ainda, mas com um sentimento de missão cumprida e eu explico.


Eu estava super de boa vontade e solícita com o taxista, mas não admito má vontade. É a tal da Síndrome do Horácio, braço curto =  pessoa acomodada e de má vontade.

Eu poderia ter descido do carro e me poupado, mas achei que isso seria muito cômodo e simples para o taxista (sem contar que era tudo que ele queria).

Só que eu quando quero ser ruim eu sou. Resolvi fazer ele sofrer fazendo exatamente o que ele estava de má vontade, procurar a rua e me levar.

Não sei se ele foi sincero comigo no final, mas no meu íntimo, senti que sim.

Posso até estar enganada, mas acho que ele aprendeu alguma coisa ontem e não só a localização de mais uma Rua.

Um taxista tem que saber caminhos, se não sabe, tem que ter boa vontade de procurar e a humildade de dizer que não sabe.

Em minha opinião, uma única coisa define um bom profissional, em qualquer ramo que seja e é a boa vontade de aprender e de ser prestativo.

É uma inversão total de valores o taxista pedir que eu procure a Rua no GPS para ele ou que eu saiba explicar o caminho.

Penso até que o profissional, na hora que pega o passageiro e percebe que não sabe o lugar/caminho, tem o direito de pedir, educadamente, para que o passageiro pegue outro táxi. Porém, a partir do momento que se prontificou a levar, sendo que eu avisei que não tinha certeza do bairro, ele tem que fazer o melhor dele.

E você? Já foi vítima da Síndrome do Horácio? Comente sua história.

E você? O que teria feito no meu lugar?

Você não concorda comigo que houve uma grande inversão de valores, por parte do taxista?

Dê sua opinião.

Beijos e até o próximo post

8 comentários:

  1. Nossa, você é uma pessoa iluminada, rs... eu ja teria perdido a paciência há tempos!!! Mas concordo totalmente com você. Tirou o taxista da zona de conforto e com certeza absoluta ele aprendeu mto mais que apenas uma nova rua. Pelo contexto tbm acho que ele tenha sido sincero no final. Bateu um arrependimento, pq qlq pessoa no seu lugar teria perdido a cabeça e vc manteve a educação... isso tocou o cara. Legal, gostei da história. Já passei por poucas e boas com taxi. Uma história que nunca esqueço aconteceu na Australia (vale dizer que o cara não era australiano. Os australianos são mto legais). Eu tinha acabado de chegar e precisava comprar um cartão telefônico. Eu não falava quase nd de inglês, não sabia pedir pra ele me levar numa loja de conveniência.. eu só falei "Oi. Por favor, eu gostaria de comprar um cartão telefônico". O que daria pra entender que eu gostaria de ir até um lugar que vende.. ele me respondeu "sou taxista, não vendo cartões telefonicos", acelerou e foi embora, rs..
    Depois um policial me ajudou...
    Adorei seu blog! Bjocas.

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  2. acho que vc está numa fase muito boa, com muito equilíbrio
    no seu lugar eu desceria do carro e mandaria ele p/ aquele lugar...rs
    parabéns amiga

    bjs

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  3. ...kkkk....amei.......nossa! Sua atitude eu aplaudo de pé!!! Normalmente sou calma tb, mas com certeza, não teria resolvido o problema com tamanha sutileza!!!
    Bjus e parabéns!
    Solange (Sol, titia...kkk)

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  4. hahaha ... valeu a atitude , mas se fosse naqueles dias , queria ver sua postura ... (detalhe ele sim , o taxista estava naquele dia ) ahahahaha ... a vida , como ela é ... bj

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  5. Oi Mariana...

    kkkk que nada, no máximo posso ter alguns momentos de clarão...rss

    Minha nossa senhora...taxista aqui no Brasil, na nossa terra...já é difícil...na austrália?

    O pior que não importa o lugar e a profissão quando é da pessoa né? A pessoa que é de má vontade ...

    Eu fico muito feliz que goste do blog, de coração. Não há melhor retorno do que perceber que as pessoas gostam de ler o que eu escrevo.

    Obrigada por compartilhar isso, que é tão especial para mim, esse blog.

    beijos

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  6. Oi minha titia querida...

    Foi um grande momento de lucidez...esse....kkkk....beijos

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  7. Oi amiga...
    é, acho que é isso, estou num bom momento...e ficamos mais tolerantes quando estamos assim...

    beijos linda

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