SEM–TETO – NEM VÍTIMA E NEM VAGABUNDO

Olá,

A semana passada estava em uma reunião no centro da cidade de São Paulo, sendo exata, na Avenida São João.

Eram dois grupos, um aqui em São Paulo e outro no Rio de Janeiro e a reunião aconteceu por meio de vídeo conferência.

No meio da discussões calorosas sobre alguns temas, fomos fortemente interrompidos por uma passeata, na qual as pessoas gritavam repetidamente:

Queremos moradia! Queremos moradia! Queremos moradia! Queremos Moradia! Queremos moradia! Queremos moradia! Queremos moradia!

Eu que às vezes penso mais rápido do que deveria (isso não é bom sempre) e que falo às vezes mais rápido do que penso (isso então é péssimo), pensei:

Poxa, eu também quero. Meu apartamento é alugado.

Sério, deixando a brincadeira de lado agora, eu fui buscar saber do que se tratava a passeata.

Bom, era uma manifestação dos representantes das famílias sem-teto. Eles ocuparam diversos prédios no centro da cidade de São Paulo.

A passeata foi até a porta do MINISTÉRIO PÚBLICO, no centro mesmo, cuja finalidade era protocolar um documento com uma série de reivindicações, sendo uma delas:

Desapropriação de aproximadamente 53(cinqüenta e três) prédios no centro da cidade para alocar as famílias. Algo assim.

Também preciso citar que a polícia anda retirando as famílias, despejando e a prefeitura está dando às famílias, um valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais). Como se isso resolvesse o problema. Cada uma.

Olha pessoal, pelo menos foi isso que li em várias reportagens.  

Bem, nessa minha pesquisa no grande oráculo, o Google, eu achei um artigo em que as pessoas faziam comentários abaixo, sendo que 02(dois) deles me chamaram MUITO A ATENÇÃO.

Um comentário era de uma moça e dizia mais ou menos assim: Esse povo é vagabundo. Porque eles não vão trabalhar? Ficam pedindo as coisas e trabalhar que é bom ninguém quer. Um bando de desocupados.

Em retaliação ao comentário da moça veio um cara e fez o seguinte comentário: Sua burguesa metida à besta. Aposto que é filhinha de papai. Sua alienada sem noção. Você fala isso porque deve ter de tudo, deve ter tido oportunidade de estudo e boa educação. Esse povo da manifestação não. É um povo sofrido, sem oportunidade, sem escolhas.

E então, eu fiquei refletindo sobre tudo isso.

É, está longe de parecer justo o problema de habitação no Brasil. Aliás, está longe do governo brasileiro ser digno de honrar esse povo. Povo trabalhador, povo esforçado sim.

Porém, será que desapropriar propriedades privadas, desrespeitar todo direito de propriedade envolvido e entregar para essas famílias é o correto?

Será mesmo essa a solução mais correta? Pensem. Pagamos impostos. Os particulares devem pagar pela falta de assistência que o governo e o sistema não dão para o povo? Essa conta não deveria ser paga só pelo governo?

Porque o governo não pega terras do governo e cede para essas famílias?

O que eu sei é que não tenho a resposta do que seria certo e justo.

O que sei é que se não tivesse um teto sobre minha cabeça talvez dissesse que é justa essa saída sim, afinal não podemos julgar a dificuldade alheia. É o velho ditado, pimenta nos olhos dos outros é refresco.

Por outro lado, se fosse proprietária de um prédio no Centro da Cidade, ainda que desocupado por mim, há anos, também não acharia justo o governo dar a propriedade que é minha para outras pessoas.

SÓ SE TEM JUSTIÇA COM EQUÍLIBRIO. O símbolo da justiça é uma balança justamente por isso.

E nessa balança? Qual seria o equilíbrio? Qual seria o justo?

Façam seus comentários.

Beijos e até o próximo post...